Eu no Bem Mais
Noitinha do sábado. Eu morto de cansado, estressado com a energia dos meus dois filhos. Filas quilométricas no supermercado. Eis que minha filha perturba:
- Papai, vamosimbora!!
- Deixe pelo menos eu pagar a feira.
- Mas eu quero ir pra casa...
Diante do apelo da minha filha, que, quando quer, é infinitimamente chata, eu peguei a fila preferencial.
Eu com meus dois filhos, minha filha de chupeta agarrada à camisa.
Atrás de mim, na fila, uma mulher começa a me olhar atravessada.
Eu ignoro, mas ela me olha cada vez mais atravessada.
A fila anda um pouco e ela com toda a arrogância do mundo me pergunta:
- Você tem mulher grávida ou é portador de algum cuidado especial?
Eu muito delicadamente, desacreditando do acontecido, supliquei:
- Como é?
Ela mais uma vez:
- Você tem mulher grávida ou é portador de algum cuidado especial?
Eu não contei conversa:
- Sou deficiente. (chutei o pau da barraca) Os meus dedos são uns menores do que os outros. E nas duas mãos.
A mulher continuou me olhando atravessado, mas deixou de importunar.
Não que eu seja grosso, mas tem hora que é fundamental.
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